Diariamente surgem novos tratamentos alternativos supostamente capazes de curar ou melhorar o câncer. Nos últimos dias tem circulado notícias e vídeos sobre a fosfoetanolamida, causando grande ansiedade entre os pacientes oncológicos e suas famílias.
Esta substância química foi desenvolvida pelo Instituto de Química de São Carlos há mais de 30 anos, mas ainda não foi testada em nenhum estudo com seres humanos, apenas com camundongos.
Para que qualquer substância seja aprovada para uso, ela deve ser submetida primeiramente à teste em modelos celulares e animais que demonstrem sua atividade biológica e toxicidades, e posteriormente são realizadas mais 3 fases de pesquisa em humanos.
Estima-se que a cada 10 mil compostos que entram em testes clínicos, 1 ou 2 obtêm sucesso em todas as fases de testes e chegam ao mercado.
Por mais entusiasmantes que possam parecer os relatos de resposta à fosfoetanolamida até o momento não existe qualquer dado científico que os comprovem, não está estabelecida a dose terapêutica ideal, quais efeitos colaterais podem ocorrer ou se há interação com outras medições.
Os pacientes não devem abandonar os tratamentos indicados por seus médicos em busca desta substância e nem associá-la ao tratamento já instituído pelo risco de potencialização de efeitos colaterais e interações medicamentosas, chegando até à reduzir o efeito dos tratamentos padrão.
Com certeza as pesquisas devem ser realizadas o mais rápido possível, mas com responsabilidade e rigor científicos necessários para a segurança dos pacientes.
Dra. Cintia de Gouveia Nunes
Oncologista Clinica