Os cuidados necessários durante o tratamento variam de acordo com a área irradiada. A equipe de enfermagem pode orientar você quanto aos cuidados específicos que devem ser adotados nesse período.
Repouso
A fadiga durante o tratamento é bastante comum.
Submetido a esse tipo de terapia, o organismo despende grande quantidade de energia na reparação de estruturas irradiadas. Além disso, nos casos em que a medula óssea é agredida pela radiação, pode se instalar um quadro de anemia (diminuição na contagem de glóbulos vermelhos no sangue) que colabora para a indisposição e fraqueza.
É importante que o paciente reconheça seus novos limites e os respeite, estabelecendo horários de descanso ao longo do dia.
Durante o tratamento, o paciente deve manter uma dieta balanceada e evitar perder peso. Os efeitos da radioterapia sobre o tubo digestivo podem, entretanto, impedir a ingestão de diversos alimentos, dificultando a obtenção dos nutrientes de que o organismo necessita.
Corrigir os distúrbios na alimentação que eventualmente surjam durante o tratamento é extremamente importante.
Sempre que houver diarréia ou dificuldade para alimentação, a equipe médica e a de enfermagem devem ser avisadas.
Sexo
Na maioria dos tratamentos, a radioterapia não determina alterações importantes na capacidade de o paciente ter prazer com o sexo. A diminuição do desejo sexual, comumente observada em ambos os sexos, é mais reflexo do estresse causado pelo diagnóstico do que conseqüência do tratamento.
Nas radioterapias pélvicas em mulheres, as radiações podem comprometer a fertilidade, determinando supressão da menstruação com eventuais sintomas da menopausa (ondas de calor, secura vaginal, etc.). As radiações podem ainda causar alterações vaginais que tornam difíceis as relações sexuais. Por isso, recomenda-se que a paciente sob radioterapia pélvica suspenda sua vida sexual e aguarde algumas semanas após o término do tratamento para retomá-la.
A radiação nos testículos pode causar esterilidade no homem. Para os casos em que uma futura gravidez é desejada, existe a possibilidade de congelar o sêmen antes do início de um tratamento.
Mulheres em idade reprodutiva devem evitar a gravidez com métodos eficazes. A radioterapia pode causar danos ao feto.
Infecções e sangramentos
Nos casos em que grandes áreas da medula óssea são irradiadas, as células do sangue podem ter sua produção comprometida. Essa toxicidade se manifesta inicialmente pela queda na contagem dos leucócitos (leucopenia) e das plaquetas (plaquetopenia). Com o passar das semanas, pode ocorrer uma redução no número de hemácias no sangue (anemia).
Nos casos de queda acentuada, a radioterapia pode ser suspensa e novas doses serão calculadas. Além disso, existem recursos que podem ser empregados para corrigir tais alterações.
Durante todo o tratamento, são colhidos hemogramas seriados para reconhecimento e acompanhamento dessas eventuais alterações. Pacientes em radioterapia devem comunicar-se imediatamente com a equipe médica caso apresentem febre (temperatura axilar >37,8°C) ou sangramento.
Dicas para o seu dia-a-dia em tratamento radioterápico
Para a pele irradiada
- Lavá-la sempre com sabão suave e água morna;
- Não aplicar pomadas ou cremes sobre a pele sem aprovação da equipe médica ou de enfermagem;
- Usar roupas folgadas;
- Não esfregar nem coçar a região;
- Não aplicar adesivos sobre a área;
- Proteger a pele dos raios solares - se possível cobrindo a região com roupas claras antes de expô-la à luz solar; Não aplicar compressas (frias ou quentes) sobre a pele.
- As marcas de tinta ("tatuagens") sobre a pele não podem ser retiradas. Caso se apaguem, não devem ser retocadas pelo paciente.
Alguns cuidados podem evitar sérias complicações durante o tratamento:
- Não fumar;
- Não consumir bebidas alcoólicas;
- Evitar alimentos condimentados e muito açucarados;
- Higiene oral com uso de escova com cerdas macias e fio dental;
- Não usar colutórios, exceto quando indicado pelo dentista ou pela equipe médica.
A preocupação com a qualidade de vida favoreceu o desenvolvimento de medicamentos capazes de combater os sintomas do câncer e de reduzir os possíveis efeitos colaterais de seu tratamento. Resultado: os melhores resultados no controle da doença vêm sendo acompanhados de significativas melhoras na qualidade de vida dos pacientes.
Em resumo, o estágio atual do tratamento do câncer permite otimismo.