Dúvidas · Os efeitos colaterais da quimioterapia

Atenção: a seguir estão descritos os efeitos colaterais mais comuns e esperados. Lembre-se sempre que cada tratamento quimioterápico é um, ou seja, você pode apresentar algum destes efeitos colaterais, pode apresentar algum que não está descrito ou não apresentar nada!

Queda de cabelo (alopecia)

A queda de cabelo, ou alopecia, é o efeito colateral mais temido pelos pacientes que se preparam para iniciar o tratamento quimioterápico. Apesar de bastante comum, a alopecia nem sempre ocorre: sua incidência varia de acordo com os medicamentos utilizados no tratamento.

A queda de cabelo costuma ter início na segunda ou terceira semana do tratamento, acentuando-se a cada novo ciclo de quimioterapia. Apesar de ser mais evidente no couro cabeludo, pode também ocorrer em outras partes do corpo.

A alopecia ocorre por ação da quimioterapia sobre as células em divisão na raiz dos cabelos.

Sua intensidade varia conforme os medicamentos empregados e a sensibilidade de cada paciente.

Pode se apresentar como uma queda parcial, deixando os cabelos apenas mais ralos, ou completa.

Alguns cuidados podem diminuir a agressão da quimioterapia ao couro cabeludo:

utilizar xampus suaves e escovas de cerdas macias;
proteger o couro cabeludo da luz do sol;
aplicar pouco calor quando utilizar o secador de cabelos.

É sempre importante destacar que a alopecia é TEMPORÁRIA. O cabelo volta a crescer imediatamente após o término da quimioterapia.

Para aqueles que pretendem utilizar perucas, recomenda-se adquiri-las antes que a queda de cabelos ocorra, o que permite melhor ajuste à cor dos cabelos naturais e adaptação ao corte.

Alterações nas células do sangue

As células da medula óssea são bastante sensíveis à agressão causada pelos agentes quimioterápicos. Como conseqüência, os glóbulos brancos (leucócitos) e vermelhos (hemácias), assim como as plaquetas podem ter sua produção comprometida, determinando queda em suas contagens no sangue.

Redução dos leucócitos (leucopenia)

Os leucócitos são as células do sangue encarregadas da defesa do organismo contra infecções. Sendo constantemente produzidos pela medula óssea, circulam no sangue por alguns dias e migram para os tecidos onde vão destruir os microorganismos invasores. Por isso, a queda na contagem de leucócitos no sangue (leucopenia) predispõe o organismo a infecções e em muitos casos, o uso permanente de fotoprotetores.

Redução das hemáceas (anemia)

Os glóbulos vermelhos permanecem na circulação por períodos muito maiores que os leucócitos.

Por isso, a anemia - queda na contagem dos glóbulos vermelhos no sangue - torna-se evidente somente após alguns ciclos de quimioterapia.

A anemia causa uma série de sintomas, como: palidez, fadiga e palpitações durante esforços, podendo ser corrigida com o uso de transfusões de concentrados de glóbulos vermelhos. Em alguns casos, pode-se tentar evitar a instalação da anemia pelo uso de eritropoetina.

Redução das plaquetas (plaquetopenia)

As plaquetas são elementos que bloqueiam a saída de sangue dos vasos sangüíneos em casos de lesão de suas paredes. A queda na contagem de plaquetas (plaquetopenia) pode determinar o surgimento de pequenos sangramentos espontâneos e comprometer a capacidade do organismo para bloquear hemorragias em casos de acidentes.

Atualmente, o único recurso disponível para evitar hemorragias quando a contagem de plaquetas está muito baixa é a transfusão de concentrados de plaquetas.

Mucosite e Diarréia

A mucosa que reveste o tubo digestivo apresenta grande capacidade de regeneração. A boca, por exemplo, sofre diariamente pequenas lesões, enquanto o revestimento do intestino descama continuamente sua superfície.

Náuseas e Vômitos

Trata-se de uma reação comum ao uso de alguns poucos quimioterápicos, que, na maioria dos casos, pode ser controlada com medicamentos específicos.

A sensibilidade individual aos quimioterápicos apresenta grande variação. Durante a aplicação de um mesmo protocolo, algumas pessoas nunca sentem náusea, enquanto outras mostram-se freqüentemente nauseadas.

As náuseas e os vômitos podem ocorrer tanto por irritação da superfície do estômago como pela ação dos quimioterápicos sobre o sistema nervoso central.

O controle da náusea é obtido pelo uso de medicamentos específicos, os antieméticos, aplicados durante a quimioterapia e nos dias que se seguem ao tratamento.

Náuseas e vômitos devem ser sempre relatados para que se possa determinar ajuste das medicações às necessidades de cada paciente.

Efeitos tóxicos sobre o sistema nervoso

Alterações neurológicas fazem parte dos efeitos colaterais mais comuns durante o tratamento quimioterápico. Formigamento de extremidades, sensação de queimação, adormecimento das mãos e dos pés e zumbido nos ouvidos são as manifestações mais freqüentes da agressão às células nervosas, regredindo após o término do tratamento.

Na maioria das vezes, tais efeitos são leves e bem tolerados, exigindo apenas alguns cuidados a mais para a realização das atividades cotidianas. Podem, entretanto, se apresentar com maior intensidade e requerer modificações no tratamento. A equipe médica deve ser informada sobre esses sintomas.

Alterações sexuais

A quimioterapia pode causar danos às células germinativas presentes nos ovários e testículos, determinando a esterilidade transitória ou permanente, com as alterações hormonais correspondentes, tanto no homem como na mulher.

Na mulher, ocorre a suspensão da menstruação (amenorréia), podendo evoluir para menopausa, com a manifestação de todos os seus sintomas (ondas de calor, alterações vaginais, etc.). Já nos homens, essas alterações determinam mínimos sintomas.

As alterações vaginais exigem cuidados especiais. Em pacientes com vida sexual ativa, o uso de gel lubrificante (solúvel em água) pode corrigir a secura vaginal, que costuma dificultar a relação sexual.

Havendo dor, sangramento ou prurido vaginal, recomenda-se que a paciente seja avaliada por seu ginecologista e avise a equipe médica.

Para homens muito jovens, ou que planejam novos filhos, existe a alternativa de congelar o sêmen antes que se inicie a quimioterapia. Esse procedimento permitiria uma gravidez no futuro.

O desejo sexual pode diminuir. Esse comprometimento da libido é bastante complexo, sendo em grande parte explicado pelo estresse do diagnóstico, associado à diminuição da disposição física determinada pela doença e pelo seu tratamento.

O paciente deve abrir mão de suas inibições e esclarecer todas as possíveis dúvidas em relação às atividades sexuais com a equipe médica, que levará em consideração as particularidades de cada caso. compensadas: com a multiplicação de suas células, a mucosa do tubo digestivo consegue repor as células descamadas e reparar as lesões sofridas, mantendo sua integridade.

A quimioterapia impede a multiplicação das células da mucosa e compromete sua capacidade de reparação.

Como conseqüência, geralmente após duas semanas da aplicação podem surgir aftas na boca.

Também pode se desenvolver um quadro de diarréia.

Boa higiene oral com atenção aos dentes e gengivas é fundamental durante a quimioterapia.

Além disso, nos casos de diarréia, os cuidados com a hidratação são especialmente importantes enquanto se aguarda a recuperação do organismo.

Obstipação

A obstipação pode ocorrer em conseqüência do tratamento ou das alterações nos hábitos alimentares e pessoais que o paciente experimenta nesse período.

Em geral, a redução da ingestão de alimentos, especialmente dos ricos em fibras, e a inatividade física são os principais responsáveis pela obstipação.

Algumas medidas simples podem resolver o problema:

aumento da quantidade de alimentos ricos em fibra na dieta;
ingestão de um maior volume de líquidos;
atividade física regular.

O uso de laxativos está reservado aos pacientes que não responderem a essas medidas simples, ou aos que já vinham fazendo uso desses medicamentos.

Alterações de pele e unha

Alguns agentes quimioterápicos podem causar alterações na pele, sendo as mais freqüentes prurido, vermelhidão, descamação, ressecamento e acne.

Além disso, as unhas podem se tornar escuras e quebradiças.

Existem medicamentos que, quando administrados em veias, determinam escurecimento da pele, especialmente nas áreas que recobrem as veias pelas quais esses medicamentos foram aplicados.

Todos esses efeitos costumam regredir alguns meses após o término do tratamento.

A exposição à luz do sol pode potencializar os efeitos dos quimioterápicos sobre a pele. Por isso, não é recomendado a exposião excessiva ao sol.

Bom, espero que as informações aqui contidas possam de alguma maneira ajudar a que você ou seu familiar possa transpor esta etapa sem maiores percalços.